Ousar 04/2001

Me ouso a escrever para escritor
Me ouso a sentir que sinto para que sente
Me ouso a falar e ousar para ousado
Me ouso a viver a vida para vivido
e ousando ousar me atrevo
sem querer ser atrevido antevendo o ralho
sentindo que os sentires trazem mais que sentimentos
conseqüências
que ousem ou não podem mexer e remexer
e como fundo de lago calmo (ou não)
remexido levanta lodos esquecidos e monstros ocultados
e corre-se risco de sentir-se deja vu
e vive-se a vida que não se lembrava
e navegar é preciso
pagar as contas também, cumprir horários e compromissos
viver nem tanto , já dizia o outro Pessoa
e, estou aqui, pago para ver
quero um mundo de coisas , não me contento com menos
mas começo sempre pelo começo
step by step
com um bom cálice de vinho !
¬

Eu sou o que vivi !

Quem sou eu pra dizer destas coisas
do certo e do errado
do bom e do ruim
do bem e do mal
só sei do gostoso
só sei do que me dá prazer momentâneo
inconseqüente
Quem me dera ter esta sabedoria
e decidir sobre estas coisas na hora acontecida
e não depois nas lamentações
e não depois nos arrependimentos
Quem me dera antever os fatos e dissabores
e precipitar ações que os evitassem
e dividir somente alegrias
Quem me dera saber tudo isto
mas também se eu soubesse
não viveria as emoções que vivi
e perderia os sabores que provei
e os sentidos que percebi
e em nada seria o que sou
só um arremedo do que senti !
¬