Dai ao tempo o que ao tempo é devido 08/2005

Quem me vê
Mais vê em mim o que quer
Do que realmente sou
Minhas poucas virtudes
Mais é pela caridade dos que percebem
Que pela realidade do meu esforço
Mas meus defeitos
Ah, estes são sinceros
Treinados e lapidados a cada dia
Alimentando meu dragão diuturnicamente
E o treino até a perfeição

Quem me tem
Tem 100%
Apesar de que nunca tenho
Nem um décimo do que dou
E cada vez mais me doou menos
E cada vez menos tenho mais
Mas em compensação
Sofro menos
Bem menos do que gostaria

Quem algo me faz
Acha que faz muito
Mas eu sinto sempre que merecia mais
E aí nem pela vergonha de cobrar
Mas pelo achar que o dado
Deveria ser de sincero
Nunca peço pego o que mereço
Fico cada vez com menos
Que mais me satisfaz
Por demais
Que mais por de menos

A quem eu faço
Apesar de dar-me tudo
E de inteiro me entregar
Cobra a parte que falta
E mesmo afirmando que não tenho
Fica um pedaço por me dar
Incompleto nas dissonâncias
Procurando o tapar
Buscamos em outros
Aquilo que deveríamos sobrar

E neste inconstante circulo
De busca e entrega
Me acho a cada instante
Perdido em seus sonhos
Fazendo os meus por realidade
Em instantes efêmeros
Que me marcam profundamente
Completando meu vazio
Com cada vez mais nada
Que me deixa cheio
De lugares por preencher

Então só me resta a vingança
Contra o tempo publicano
Em busca do seu imposto
Posto que se paga a cada segundo
De viver cada instante com se ultimo fosse
Que se no dia da paga não tiver crédito
Paga-se com o tempo que não viveu
E ai vive-se mais um tempo
Para compensar o que se deu
E aí meu ...
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