Como um banho de chuva ... 09/03/2006

Outro dia, banhei-me na chuva
na sexta-feira
na saída da Sexta
fazia tempo que (criança) não furtava a banhar-me de chuva
temporal de Verão
pessoas desprevenidas
nas ruas e avenidas
se escondendo sob as marquises
insólitas, a me olhar
guarda-chuva do avesso
a proteger os óculos
(quem usa entende porque se faz isto)
e a água fria e pura me lavando
primeiro as roupas
depois o corpo
e chega à alma
e eu olhava nos olhos daquelas pessoas espremidas
a se proteger do vento que as molhava
(aqui venta ... quem conhece sabe)
como se de sabao-em-pó fossem
deixava a água escorrer e me lavar
fiz o caminho mais longo
e me limpei da semana
me limpei do mês
me limpei do ano
me limpei das coisas que queria esquecer
das coisas que queria lembrar
e me lembrei de você
que como a água da chuva um dia me molhou
e me fez sentir coisas que o tempo esquecia de me lembrar
(você também me fez sentir assim)
indiferente a todos que se escondiam
continuei caminhando
me molhando e me lavando
e me sentindo bem até o limite que o bem se transforma
e mais tempo na chuva
mais que a diversão propiciava
mais que o inusitado permitia
o frio começa a incomodar
as roupas começam a estragar
e o corpo começa a sofrer
e chega o tempo de tirar tudo isto fora
banho quente e roupas secas
e a vida por continuar
mas que foi bom, foi bom ...

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