Tempo 28/03/2000

Às vezes te quero um tempo
Noutras preciso dele
Às vezes te quero perto
Noutras não estou tão certo
Sei que no fundo, me afundo
e busco saída rapidinho (já aprendi)
E neste gato e rato, você se diverte
E me divirto também, porque não ?
Me prende e me solta
Como presa fácil
E teu sorriso, satisfeito, me agrada
Faço porque gosto
Mas não gosto mais, tanto quanto gostava
Diversão é rua de duas mãos
E minha mão te ama mais que a boca
E eu sou bom amante
Eu sei que sou
Apesar de não demonstrar
Para você, com você (só com você)
Mas não vem ao caso
Nosso caso é outro
É entrega
É dar-se
Doar-se
É dor , é ar
É falta de ar
Falta do ar , doar ...
É vinho, e eu sempre venho
Mas estou indo
Elipticamente
Como uva, como vinho, como graspa ...
Mas to aqui
Pois eu existo
E como insisto
E começo a sentir falta daquilo que ainda não tive
E como não tive
Faz falta
Mesmo sem saber se era bom
Pois quase que me basta saber que poderia ter sido
Mas não basta
Eu quero saber
Quero tentar, mesmo se não for tão bom assim
Mesmo se eu cair
Mesmo se me machucar
Quero aprender
Quero crescer
Tenho fome de saber
Insaciável
Aprender tudo
Até Dinamarquês
Ou aprender japonês em braile
Ou inventar outra língua
Franquinêis, doarcinêis ou leticiêis
Pois o que me sobra é tempo
Apesar de não o ter tanto mais
Mas eu o uso até o fim
E viver é um bom uso dele ...
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